15/04/2013

Candeeiros das ribeiras

Narcissus jonquilla L.


As corolas deste narciso lembram, ainda que sejam mais curtas, as do N. calcicola, do N. scaberelus, do N. rupicola e de mais alguns (raros, de ecologia distinta e que nunca vimos) que se abrigam na secção Jonquillae. O junquilho tem folhas longas, flores grandes e é dos mais altos: os exemplares que encontrámos na margem do Douro junto a Freixo-de-Espada-à-Cinta tinham escapos que ultrapassavam os 50 cm de altura. Justificam-se tais medidas. Enquanto os três primos são apreciadores de habitats rochosos e secos, o N. jonquilha vive em prados húmidos de zonas ribeirinhas e em leitos das cheias de rios. Nos anos em que o Inverno é chuvoso, este narciso, de floração primaveril, pode ficar parcialmente mergulhado. Porém, sendo alta, a haste com as flores consegue ficar à tona e assegurar que o perfume delas não se agúe. É, contudo, um estratagema arriscado: para que o pedúnculo, que é uma coluna fininha, seja suficientemente robusto e não vergue com o peso dele e das flores, tem de respeitar certa proporção entre o diâmetro e a altura, ou desabaria sem elegância, condenando a inflorescência.

Esta população, cuja localização nos foi gentilmente revelada por Carlos Aguiar, não consta da distribuição listada na Flora Ibérica (ainda em rascunho), mas não cremos que haja controvérsia quanto à sua identificação nem que ela esteja em risco, embora não seja numerosa. Trata-se de um endemismo ibérico, do centro e sudoeste da Península. Em Portugal ocorre também no Alentejo e Algarve e está naturalizado na ilha Graciosa.

1 comentário :

bea disse...

Tão bonitos estes narcisos. Delicatessen. À beira de água como narciso que se preza de sê-lo.Devem ser da família dos meus junquilhos, a forma como se implanta a corola é estelar. Ou será de hasteados em finura. Mas os junquilhos perfumam agradavelmente.
Boa semana