01/02/2011

Vidas breves & pequenas


Hornungia petraea (L.) Rchb.

Pensando bem, vale mais morrer já, morre-se agora muito tarde.
Vergílio Ferreira, Nítido Nulo (Portugália Ed., 1971)

De vida efémera, que se resume a uns dois meses, esta planta anual baixinha alheia-se da ruína que atinge as outras e poupa-se a reflexões filosóficas sobre o mundo transitório. Com esta sua existência fugaz, de que ficam apenas quatro sementes por cada flor, não tem havido tempo para lhe atribuírem um nome vernáculo em português. Em espanhol, conhecem-na por mastuerzo de peñas. São como penas as folhas coriáceas e indentadas, as basais arrosetadas com cerca de dois centímetros de comprimento, sésseis e raras as caulinares.

As flores agrupam-se em racimos no topo de hastes que não sobem além dos 15 cm. São arranjos de quatro pétalas brancas de um milímetro de diâmetro e quatro nectários minúsculos, envolvidos por quatro sépalas púrpura. Na foto da esquerda, pode ver-se um fruto castanho a nascer no centro de uma flor: trata-se de uma silíqua, isto é, de uma cápsula com duas câmaras separadas por um septo (como numa noz), cada uma com duas sementes.

Aprecia solos calcários em habitats soalheiros, e também — como indica o epíteto específico — muros e rochas (as tais peñas). Hornungia é um género pequeno, de três espécies. A H. petraea, a única que ocorre na Península (e que conta com duas subespécies; em Portugal só aparece a subsp. petraea, restrita à Beira Litoral e à Estremadura), é nativa da Europa, Ásia e Norte de África. A designação evoca o botânico e entomólogo alemão Ernst Gottfried Hornung (1795-1862).

1 comentário :

ZG disse...

Muito interessante!