09/02/2010

Sabina e o mar


Juniperus phoenicea L. subsp. turbinata (Guss.) Nyman


Como vão? Afadigados? Mas agora estão sentadinhos, não é? Então conversemos nesta esquina, desse modo descansam e eu tenho a graça da vossa companhia.

Sabem o que é um sabino? Eu nunca tinha usado esta palavra. É um cavalo de pelagem branca mesclada de vermelho e preto. Curiosamente, uma sabina não é uma égua, e até pertence a outro reino: é um junípero que tem frutos igualmente coloridos. O das fotos, acompanhado por um pinheiro moribundo, tem copa turbinata, que traz à memória um pião, aquele brinquedo de madeira em forma de pêra com uma ponta metálica.

[Hã?... E conseguiam jogá-lo para ele bailar aprumado, manipulando o fio sem o fazer tropeçar na dança? Eu não. O pião era brinquedo de meninos. Agora vendem-se em cristal, prenda desajeitada. Felizmente a ciência não é esquisita quanto ao género que a estuda, e a requintada física deste movimento está acessível a todos. Mas estou a desviar-me, onde é que eu ia?]

Ah, sim, a copa densa deste junípero tem o formato de um pião grande, excepto se o vento exagera e a obriga a rastejar, torcendo-lhe a vontade. Como o cavalo ou o pião, a sabina (referenciada por alguns como Juniperus turbinata Guss.) tem encantos. Mora em matagais litorais, dunas fixas e areais, ou vales quentes e secos da região mediterrânica. Floresce de Fevereiro a Abril e distingue-se de outros juníperos por ter frutos ruivos quando maduros (com costuras na casca), e alguns ramos que se juntam numa ponta alargada, como uma cauda, excedendo a grossura da ramagem adjacente; além disso, as folhinhas cobrem os talos, em disposição tão justa que estes são suaves ao tacto. Como é frequente na família Cupressaceae, as folhas juvenis (três por cada nó, aciculares, de uns 15 mm de comprimento) são distintas das adultas (estreitas, escamiformes, com glândulas resinosas no dorso). Os cones masculinos e femininos nascem na mesma planta (raramente em pés distintos).

É espécie longeva e protegida em alguns habitats. O que significa isso? Pouco, para falar verdade. A madeira é compacta, de grão fino, duradoura e aromática, por muitos a preferida para as lareiras. Por isso, e porque cresce lentamente, são escassos os exemplares bem desenvolvidos.

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