04/12/2009

Marroio-negro


Marrubium vulgare L. - Ballota nigra L.

Vivemos uma daquelas ocasiões em que países como o nosso exibem dotes físicos insuspeitados. Antes das explicações, aqui vão umas perguntinhas de algibeira: Portugal tem pernas? Tem braços? Tem orgãos e membros como aqueles que é norma encontrarem-se no corpo humano? A resposta é: metaforicamente, já se sabe que o país tem tudo isso. E, quanto aos membros superiores, nunca como agora foi tão manifesto que o corpo da nação não é maneta. Portugal - gritam em uníssono jornais, televisão, rádio, blogues e outros media - está a braços com uma crise epidémica, a da gripe A, que ainda vai atingir um ou dois picos antes de abrandar. Vacinaram-se aqueles que mantêm os sectores vitais da sociedade a funcionar (como os ministros e os secretários de estado), não vá o coração do país deixar de bater. Pais e familiares aflitos atropelam-se em urgências superlotadas, onde não há mãos a medir.

Mas o que eu queria mesmo era falar da tosse, e não fazer uma compilação de metáforas ligadas ao corpo humano. Houve um tempo em que, em vez de correrem para as urgências ao primeiro espirro, as pessoas se socorriam de remédios caseiros. As infusões com folhas e ramos tenros de marroio-branco (Marrubium vulgare) eram usadas (e ainda o são), com comprovada eficácia, para tratamento da tosse, de constipações e até de complicações pulmonares como a asma. Estas qualidades terapêuticas fizeram com que a planta - que é espontânea no sul da Europa, norte de África e Ásia temperada - fosse já cultivada pelos romanos e, antes deles, pelos egípcios.

O marroio-branco é uma planta muito ramificada, medianamente alta (80cm), com hastes de secção quadrangular, a que uma penugem alvacenta dá aparência felpuda. As folhas são ovais, muito engelhadas, de margens dentadas, e as flores são brancas, dispondo-se em molhos densos nas axilas das folhas.

Adenda. Carlos Aguiar, a quem agradecemos a correcção, informou-nos que as fotos acima são afinal de um marroio-negro (Ballota nigra).

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