01/12/2006

Árvores do Cemitério Britânico


Liquidâmbar e carvalho-americano (à esquerda) e tílias (à direita)

O Cemitério Britânico do Porto, ao contrário dos seus congéneres de feição portuguesa, não é um lugar de ostentação: não se vêem mausoléus ou outros monumentos funerários, as campas são assinaladas por simples cruzes ou lápides, e os epitáfios, quando os há, são breves. A natureza, destino último a que todos regressaremos, encontra refúgio atrás destes muros: os caminhos são de terra e não calcetados; e as grandes árvores que sombreiam o recinto, resguardando-o da dissonante visão dos prédios circundantes, não tiveram o seu crescimento atalhado pelo zelo do podador.

Primeiro lugar de enterro ao ar livre estabelecido no Porto, foi inaugurado em 1788 (os cemitérios da Lapa, do Prado do Repouso e de Agramonte só o seriam em meados do século XIX), em local fora das muralhas e bem afastado da urbe. À sua volta só existiam quintas, mas o implacável crescimento da cidade, acelerado a partir da década de 1930 pela abertura da rua Júlio Dinis, extinguiu todo esse bucolismo. O golpe de misericórdia foi, muito a propósito, desferido recentemente pela Diocese do Porto, ao construir, em terrenos que uma versão provisória do PDM do Porto chegou a propor como área verde a preservar, uma esmagadora casa sacerdotal.

Só nos podemos regozijar por este rectângulo pacato e arborizado ter ficado, não na posse da católica Diocese, mas sim na de protestantes com a sensatez bastante para nunca o quererem modernizar.

(Mais informações sobre os cemitérios do Porto aqui e aqui.)

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