22/03/2014

Novas do Minho


Potentilla sterilis (L.) Garcke


Íamos com os olhos treinados para o amarelo. O rio Coura e afluentes pareciam saber disso e ter combinado encantar-nos com narcisos a perder de vista. A chuva insistente dos últimos quatro meses, que pôs o país à beira de uma crise nervosa, teve afinal um propósito.

Foi precisamente por destoar dessa tendência amarela, ao exibir diminutas flores brancas, que reparámos nesta Potentilla. Pela floração hibernal, julgámos tratar-se de mais uma população de P. montana, mas a ecologia e o recorte das margens das folhas confirmaram tratar-se de uma outra espécie. As plantas que vimos estavam nas margens de um riacho, com o chão amaciado por folhas caídas de um bosque ribeirinho que deve oferecer uma sombra fresca e confortável no Verão. Para o leitor ter uma ideia das dimensões desta planta, note que as pétalas têm cerca de 5 milímetros de comprimento por 4 de largura.

Esta Potentilla é uma planta vivaz que por cá é rara, havendo uns poucos registos antigos dela no Douro Litoral, Minho e Trás-os-Montes mas não um nome comum que se lhe conheça. Na Península Ibérica, prefere a metade norte. Há, porém, regiões do centro e sul da Europa onde ela não está em perigo de desaparecer. Das nove espécies do género Potentilla que ocorrem em Portugal continental, entre as quais predominam as de flores amarelas, falta-nos ver uma outra espécie que também dá flores brancas, a P. rupestris, que a Flora Ibérica garante existir em Trás-os-Montes. Deve andar, de facto, a jogar ao esconde-esconde por trás das montanhas.

5 comentários :

bea disse...

Tem extraordinárias pétalas a potentilla. Mas uma extensão de narcisos deve ser tão bonita!

Ana Rita Gonçalves disse...

Que bonita espécie :-)

Rafael Carvalho disse...

"Raios partam!". Parece um morangueiro!
Cumprimentos.

Paulo disse...

Esta planta é típica de bosques mistos (habitat 9160), um habitat que está a recuperar devido ao abandono dos terrenos agrícolas mais férteis.

Carlos M. Silva disse...

Olá

Certamente nunca vista ou se vista, terei dito com enfado, como o Rafael Carvalho, 'morangueiros selvagens'.
E tudo é um equívoco!
Mas também reconheço que o Inverno do meu descontamento não me leva para esses lugares.
Obrigado pela raridade encontrada e aqui mostrada.

Carlos M. Silva