24/01/2014

Grisandra mas amarela


Diplotaxis catholica (L.) DC.


A família botânica das crucíferas — que inclui couves, nabos e rabanetes, só para citar alguns exemplos mais proeminentes — parece ter sido criada com o declarado propósito de contribuir para a alimentação humana. Claro que esta impressão é relativizada quando tomamos consciência de que, das cerca de 3500 espécies de crucíferas em todo o mundo, distribuídas por uns 350 géneros, só uma percentagem ínfima é cultivada como alimento. Das 150 espécies, mais coisa menos coisa, que são espontâneas em Portugal, apenas umas 10, como o saramago, o agrião, a eruca ou as diversas mostardas, é que terão algum préstimo alimentar. Sucede que certas plantas da família, tirando proveito da sua semelhança com outras que nos são úteis, se habituaram a frequentar quintais e outros campos de cultivo, não destoando mesmo nada, à época da floração, das suas irmãs prontas a ser colhidas para a sopa. É nesta categoria de impostoras que se inclui a Diplotaxis catholica, herbácea anual popularmente conhecida como grisandra que só não é um endemismo ibérico por culpa da já costumeira interferência marroquina. Talvez o misterioso epíteto catholica se refira à universalidade das suas preferências ecológicas, comum aliás às de muitas plantas ruderais: qualquer sítio onde não a queiram, ou qualquer lugar degradado ou pisoteado, lhe servem de habitação. Ainda que em Portugal ela tenha marcada predilecção pela metade sul do país.

A grisandra é uma planta de aspecto delicado, ramificada apenas na base, com hastes que não ultrapassam os 80 cm de altura e folhas pinatipartidas quase todas basais, figurino que se repete em inúmeras outras crucíferas. A Diplotaxis catholica é especialmente confundível com a Brassica barrelieri, que é vulgar no interior norte do país. O modo mais seguro de identificar a D. catholica é notar os dois cornichos em cada botão floral: pode vislumbrá-los aí em cima na quarta foto, mas para não lhe restarem dúvidas o melhor é espreitar aqui.

1 comentário :

bea disse...

Bem me parecia que conhecia a grisandra de qualquer lado!...