27/12/2011

Salsa-para-cavalos

Smyrnium olusatrum L.


Ouro, incenso e mirra — a lista de oferendas é sempre recitada por esta ordem. Primeiro o ouro, marca de realeza e poder; segue-se-lhe o incenso perfumado e espiritual, de plantas do gênero Boswellia; e só depois a mirra. Engano nosso, ao julgarmos que é a prenda de menor valor: esta resina fragrante, extraída de árvores do género Commiphora, tem propriedades balsâmicas, anti-sépticas e anti-bacterianas; é por isso o símbolo da imortalidade.

Smyrnium perfoliatum L.
As umbelíferas das fotos, a que os ingleses chamam alexanders (em alusão a Alexandria), não têm a mesma fama, embora o S. olusatrum também se sirva em infusões aromáticas (e se tenha cultivado como verdura de Inverno), o S. perfoliatum tenha uso ornamental por causa das folhas douradas na Primavera, e o nome Smyrnium se refira explicitamente ao aroma a mirra das sementes. Que são ovóides, rugosas e escuras quando maduras no caso da primeira planta (olusatrum deriva do latim olus, erva, e ater, negro), e pardas as do S. perfoliatum. Este distingue-se do anterior por ter menor porte e pelas folhas caulinares não divididas ou menos recortadas; contudo, as duas espécies têm-nas sésseis e de aurículas grandes, de base cordiforme e adunada, parecendo que o caule as atravessa. Pelo contrário, as folhas basais são divididas e de pecíolo longo, tão diferentes que, quando as vimos, julgámos que fossem de outra planta que por ali se tinha esgueirado.

São herbáceas bienais, com hastes florais que podem atingir os 2 metros de altura. As flores hermafroditas, sem sépalas, de cinco pétalas amarelas com cerca de 1 mm de diâmetro, dispõem-se em umbelas compostas (como um guarda-chuva cujos raios terminassem em sombrinhas menores) de 8 a 20 umbélulas, mas em cada uma cerca de metade das flores abortam. A raiz parece um nabinho comprido. Apreciam sombra, lugares frescos, relvados húmidos e solos ricos em azoto.

O género Smyrnium abriga sete espécies, cinco da Europa (das quais só duas ocorrem na Península Ibérica) e as outras da Ásia e África. São mais abundantes na metade sul do país. O S. olusatrum é espontâneo no oeste e sul da Europa, Macaronésia e norte de África; o S. perfoliatum é calcícola, nativo do centro e sul da Europa e região mediterrânica e, parece, mais raro por cá.

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