24/11/2011

Chica flor

Malva parviflora L.


Já choveu o bastante para que em Bragança, nos próximos meses, a água não falte. No resto do país, mesmo antes das chuvas de Novembro, o nível das barragens não chegou a ser motivo de preocupação. O ano que vem promete colheitas fartas. Mas, como somos uma sociedade evoluída, a nossa prosperidade nada tem a ver com a produção de alimentos, ou mesmo com qualquer outro tipo de produção. Quem dera que houvesse bananeiras, como há nas ilhas afortunadas, para nos deixarmos ficar à sua sombra num descanso apaziguado, sabendo que nada depende de nós.

Há ainda porém algum atavismo que nos alegra quando a chuva cai. Dissolve-se a ansiedade miudinha que nos roía depois de tantas semanas sem pinga de água. Semanas em que a visão de uma planta florescendo na estiagem nos alimentava uma esperança fútil. Como esta malva a romper de uma terra porosa que, mesmo com chuva persistente, nunca retém água por muito tempo.

O epíteto parviflora não é um comentário à inteligência das flores; antes nos informa, com muito acerto, de como elas são pequenas. Com um diâmetro de 5 a 10 mm, as flores da Malva parviflora são, por larga margem, as mais diminutas de entre todas as espécies de Malva espontâneas na Península Ibérica. A única outra espécie com morfologia semelhante, a Malva neglecta, tem flores igualmente axilares, mas consideravelmente maiores (até 2,5 cm) e dotadas de pedúnculos alongados (as da Malva parviflora são quase sésseis). Ressalve-se ainda que a Malva parviflora, podendo embora apresentar-se prostrada como a planta da foto, tem hastes geralmente erectas ou ascendentes, ao contrário da Malva neglecta. Ambas as plantas são algo ruderais e preferem solos nitrificados; mas, para minimizar confusões, têm em Portugal uma distribuição quase disjunta: a M. neglecta é exclusivamente nortenha (Beira Alta, Minho e Trás-os-Montes) e a M. parviflora, embora surja também em Trás-os-Montes (ou, mais precisamente, no Alto Douro), é mais comum no centro e sul do território (Alentejo, Algarve, Estremadura, Ribatejo e Beira Baixa).

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