07/12/2010

Erva-dos-elmos


Scutellaria minor Huds. - Alfena, Valongo

O género Scutellaria abriga mais de trezentas espécies de plantas perenes, abundantes em regiões com invernos suaves e humidade elevada. Por isso, é fácil encontrá-las em margens de ribeiros, bordos de turfeiras e prados húmidos. A S. baicalensis Georgi (do lago Baikal, na Sibéria) é a mais famosa pelo seu uso como ansiolítico em medicina tradicional chinesa. Em Portugal só há registo de duas espécies, as que mostraremos de seguida. A designação genérica não se refere às scut, agora ccut; deriva do latim scutella, que originou escudela, e assinala a presença de um apêndice no cálice de cada flor que tem a forma de uma pequena tigela (consegue localizá-lo no topo da foto à direita?). Para que servirá?

A S. minor, a mais pequena do género (não aspira, em geral, a subir além dos 15 cm), exige penumbra e solo ácido, pobre em azoto, sendo portanto companhia frequente de populações de Drosera, Pinguicula, Anagallis tenella e Wahlenbergia hederacea. É herbácea rizomatosa e rastejante, embora as hastes florais erectas pareçam desmentir esse hábito. O caule tem secção quadrada e as folhas, inteiras, opostas e lanceoladas, adoptam morfologia variada conforme a altura a que nascem: as basais são pecioladas, as superiores sésseis e menores, abraçando o caule. As flores cor-de-rosa, com cerca de 1 cm de comprimento, abotoam, todas viradas para o mesmo lado, entre Junho e Setembro. Têm um cálice protegido por pequenas brácteas - e a tal bossa é púrpura - que se fecha para formar o fruto. A corola é um tubo arqueado e bilabiado, sendo o lábio inferior mais largo, recurvo e pintalgado. Espontânea na Europa, restringe-se, na Península Ibérica, ao norte e oeste, ocorrendo em quase todas as províncias portuguesas.


Scutellaria galericulata L. - ria de Aveiro

A S. galericulata é nativa de charcos e juncais europeus e de zonas temperadas da América do Norte, convivendo, por exemplo, com o Equisetum arvense. Distingue-se da S. minor pelas folhas ovais de margens crenadas, pelas hastes - também esparsamente floridas - mais altas (atingem os 40cm) e pelos matizes rubros na ramagem; além disso, é mais penugenta, embora a quantidade de lanugem, como a dos nossos agasalhos, varie com o local e a estação do ano. Na Península ocorre a norte e oeste; em Portugal, só é frequente no norte e litoral centro. As flores azuis também nascem aos pares e nas axilas das folhas, mas são mais tardias que as da S. minor (vimo-las de Julho a Outubro), permitindo todavia a existência de um híbrido entre ambas. Não o conhecemos, havendo já apostas quanto à cor das flores desse cruzamento.

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