29/07/2010

Do céu e da terra


Hypericum canariense L.


Hypericum humifusum L.

O arbusto das fotos, com uns 3 metros de altura, é um hipericão endémico da Madeira e das Canárias, onde é vizinho de plantas suculentas em planaltos soalheiros, de solo rochoso e bem drenado, no bordo da laurissilva. Parte das folhas, lanceoladas e com cerca de 7 cm de comprimento, cai no Verão, certamente para realce das belas cimeiras de flores terminais, na montra desde a Primavera. O granadillo é suficientemente ramificado para conceder alguma sombra, sobretudo porque, quando possível, forma populações densas. As pétalas em forma de espátula não mostram sinais de glândulas e medem uns 2 cm da base à ponta. Rodeiam dezenas de estames e três estiletes longos.

A herbácea rasteira (humifusa) que acompanha o arbusto, natural da Europa Central e Oeste, região mediterrânica e Macaronésia, é também perene e essencialmente glabra. O caule curto, lenhoso com a idade, encontrou um meio eficiente de se disseminar, ramificando-se em galhos capazes de produzir raízes. Floresce de Março a Setembro, com pétalas diminutas (4 a 9 mm) pontuadas por glândulas marginais que, se pressionadas, libertam um óleo avermelhado. A erva-das-mil-folhinhas exige solo ácido, coisa que o xisto do Marão, onde foi fotografada, lhe assegura. É um chão pobre mas que retém alguma água para o período estival.

Generosa arca esta onde se acomodam seres altivos, de olhos postos na lua de que preferem a face escura para não se prenderem pela memória a lugar nenhum, ao lado de outros rastejantes, que resistem a dormir de barriguinha para o ar (como o meu gatinho nestes dias de calor) e ganham espaço aos pés do mundo enxotando a preguiça enquanto fincam mais um cotovelo em terra.

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