22/02/2008

Balm-leaved figwort


Scrophularia scorodonia

Desde há cerca de um mês os jardins do Palácio de Cristal deixaram de ser (mal)tratados pela Porto Lazer, estando agora no regaço do Pelouro do Ambiente da Câmara do Porto. Descontentes com esta mudança ficaram a hera e a tradescância que revestiam gulosamente torrões e troncos. A respirar melhor estão magnólias, azereiros, caneleiras, aucubas, rododendros, áceres. Agradecido, o chão deste jardim estendeu um tapete vermelho, feito de centenas de camélias, a estes jardineiros zelosos, desejando, como nós, que a jardinagem incompetente seja assunto do passado.

Neste cenário airoso, certamente a horta passará a receber tratamento regular para que a variedade de herbáceas que a preenchem não seja comprometida pelo descuido. E para que possamos, como na nossa última visita, ser agradavelmente surpreendidos. O que encontrámos? Uma erva alta, com caule avermelhado de secção quadrada (por isso desconfiámos tratar-se de uma Scrophularia), folhas emparelhadas e semelhantes às da erva-cidreira (Melissa officinalis), com espigas de flores de corola globosa amarelada e cinco lóbulos, dois deles de cor púrpura lembrando orelhitas espevitadas.

A Scrophularia scorodonia é espontânea no oeste europeu, até ao sul de Inglaterra, apreciando solos húmidos. Tem tradicionalmente usos medicinais, e outros mais misteriosos que justificam a designação popular erva-do-mau-olhado, a que decerto não é indiferente, tal como ao epíteto scorodonia, a semelhança dos frutos com cabeças-de-alho.

2 comentários :

Paulo disse...

Oxalá o pelouro do ambiente da C.M.P. faça um bom trabalho nesse jardim e, já agora, aproveite a boleia e trate também convenientemente dos outros espaços.

Que esses jardins causem inveja aos que estão mais a sul e não têm direito a tapetes vermelhos, e que os responsáveis de cá de baixo tentem seguir bons exemplos de competência. Será pedir muito?

Maria Carvalho disse...

Se não cuidarem bem deste jardim, lançamos-lhes um feitiço contra o qual não há scorodonia que os proteja...

Tem razão, cada vez temos mais «espaços» e menos «jardins». Mas só alguns é que notam a diferença.