25/12/2004

"Natal à Beira-rio"


Foto: mdlr o4o4 - ramagem de abeto (Abies spp.)
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É o braço do abeto a bater na vidraça!
É o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
a trazer-me da água a infância ressurrecta.

Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
que ficava, no cais, à noite iluminado...
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Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
mais da terra fazia o norte de quem erra.
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Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
à beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia!
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David Mourão-Ferreira, Cancioneiro de Natal (1971)
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1 comentário :

bea disse...

Tão bonito!
dava já um abraço no David Mourão Ferreira. Abracemos-lhe os versos a seco e nas canções