19/12/2004

5 ideias falsas sobre as "podas" radicais ou rolagens

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A propósito das "podas" radicais, ou "rolagens" praticadas em locais públicos e privados por pessoas sem formação, aconselha-se a leitura do texto de Dr. Francisco Coimbra "Se as árvores falassem"*, de que aqui se publicam alguns excertos:
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«As árvores que dignificam as nossas praças e avenidas e embelezam os nossos jardins e parques são um elemento essencial de qualidade de vida, autênticos oásis no "deserto" que são tantos dos nossos espaços urbanos actuais. E, no entanto, é por demais evidente a ainda quase absoluta ausência de sensibilidade para o papel da Árvore em Meio Urbano. (...)
De facto, é inacreditável como certos preconceitos sobre a poda de árvores ornamentais estão arreigados nos responsáveis pela sua gestão e manutenção. É frequente ouvirmos dizer, como justificação, que as "podas" radicais, ou "rolagens", rejuvenescem e fortalecem as árvores, ou que são a única forma económica de controlar a sua altura e perigosidade... quando, na verdade, devia dizer-se de uma poda o mesmo que de um árbitro: - tanto melhor quanto menos se der por ela! (...)

1. A poda drástica rejuvenesce a árvore?- NÃO! (...) O facto de, após uma operação traumática, as árvores apresentarem uma rebentação intensa- como tentativa "desesperada" de repor a copa inicial - não significa rejuvenescimento, mas sim um "canto-de-cisne", à custa da delapidação das suas reservas energéticas.(...)

2. Fortalece-a? - NÃO, a poda radical é um acto traumatizante e debilitante, uma porta aberta às enfermidades. (...)

3. Torna-a menos perigosa? -NÃO, estas "podas" induzem a formação, nos bordos das zonas de corte, de rebentos de grande fragilidade mecânica, pois têm uma inserção anormal e superficial no tronco. (...)

4. É a única forma de a controlar em altura? - NÃO, a quebra da hierarquia -que estava estabelecida entre os ramos naturalmente formados - permite o desenvolvimento de novos ramos de forte crescimento vertical, mas agora de uma forma desorganizada e muito mais densa! (...)

5. É mais barata? - NÃO, se a gestão do património arbóreo for pensada a médio e longo prazo! (...)»

* «A propósito das "podas" da Avenida Dr. Manuel Lousada... SE AS ÁRVORES FALASSEM!!!", Artigo publicado no Jornal da Mealhada de 27.03.2002 , por Francisco Coimbra (ex- Vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Arboricultura(SPA), e é Consultor em Arboricultura Ornamental (ver: "árvores & pessoas - gestão da árvore no espaço urbano, Lda.").

Ler versão mais completa aqui
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2 comentários :

ManuelaDLRamos disse...

viva V.(nossa correspondente em Glasgow ;-) ´não é preciso ser jardineiro para ver que essas podas são criminosas`. Asseguro-lhe por experiência (conversa com ´jardineiros e biscateiros`) que há quem pense que essas podas mais drásticas, em que se cortam as pernadas das árvores (os primeiros ramos mais grossos) não lhes fazem mal: é a prática lá na ´terra` nos vimeiros e videiras. Há a a ideia que a poda que por ex. se faz nas árvores de fruto para ´puxar`, se pode aplicar à arvore ornamental. É mesmo uma sensibilidade de ´podão`.
manuela

Anónimo disse...

Muito bom ver esse texto de F Coimbra. Vi várias vezes argumentos de técnicos experimentados sobre a contrariedade das "podas (com ph!!) radicais" sobre as árvores, de maneira indiscriminada.

Melhor ainda poder ler mais este ótimo argumentativo contra essa estupidez insensata contra nossas amadas amigas vegetais.

Parabéns!!!!!!!!!!!